Sabem quais são as coisas que me deixam mais inquieta por ainda não as ter feito? Aquelas que quase nascem connosco, que aprendemos a fazer quando somos pequenos, e que depois mais ninguém nos pode tirar esse gozo, porque já faz parte de nós. É como a personalidade, aliás essas experiências ajudam-nos a construir o nosso “eu”.
Essas pequenas grandes conquistas de quando somos “amostras de gente” projetam as nossas pequenas grandes conquistas do futuro.
Por isso aprender a andar de bicicleta era para mim uma prioridade. Chegar quase aos trinta anos sem saber fazer uma coisas que todos quase intuitivamente aprendem desde muito cedo causava-me alguns calafrios.
Aprender este tipo de coisas já crescido tem algumas coisas que se lhe diga. É que a pequenada parece que tomou um antídoto para o medo, que a deixa relaxada o equivalente a parecerem pequenas pessoas alcoolizadas e despreocupadas. Os putos metem-se em cima da bicicleta, começam a pedalar com as rodinhas de trás, depois vão tirando uma, tiram a outra, pedalam em direção ao desconhecido, sem nenhum preconceito, abraçando o que aí vem. Essa atitude é maravilhosa, e é a dificuldade de quando se é crescido. É com as pernas e braços grandes, também já cresceram os preconceitos, os medos e a nossas limitações. O nosso potencial de abertura ao mundo parece que é inversamente proporcional à passagem do tempo.
Por isso mesmo, quis contrariar esta tendência, e pôr-me em cima de duas rodas. Tive a sorte de ter sempre alguém a apoiar-me e torcer por mim, ainda que não quisesse que me segurassem no selim.
Dicas para aprender a andar de bicicleta crescido:
- escolher uma rua isolada, sem trânsito, para que possam estar à vontade para ir em qualquer direção
- arrastar alguém convosco para vos dar apoio moral
- usar capacete
- não olhar para baixo, mas sim em frente para onde querem ir
- confiar no equilibrio do corpo
- aumentar a dificuldade gradualmente:
a) o primeiro objectivo é equilibrar-se na bicicleta
b) dar o impulso com a esquerda e pressionar o pedal direito (isto depende da orientação “esquerdina" ou destra de cada um)
c) pedalar
d) andar em frente
e) fazer curvas para direita e para a esquerda
f) quando estiver à vontade com as curvas, arriscar nuns 8’s
g) subidas
h) descidas
i) piso irregular, como terra ou mato
Uma das lições mais importantes que aprendi na prática da bicicleta, foi a importância de “olhar para onde se quer ir” e não nos focarmos nos obstáculos. É que é mesmo verdade, quando me foco num passeio, numa pedra, num carro, tenho mesmo tendência a ir contra ele, porque não vejo mais nada. Já estão a adivinhar não é?
Quantas vezes não nos focamos nas limitações de determinada situação em vez de olharmos para onde queremos chegar? É que o nosso foco, a nossa perspectiva da coisa enviesa a realidade que tal forma que vamos lá mesmo bater. Por isso o mundo à nossa volta e a maneira como o vemos é uma escolha única e exclusivamente nossa.
Equilibrar-nos, cairmos, voltarmos a pôr-nos de pé, e pouco a pouco aumentar a pedalada faz parte da vida. Por isso estou muito feliz de ter aprendido tanto com uma coisa que pode parecer tão simples. E mais vale tarde do que nunca, não acham? Nunca é tarde para nos sentirmos livres, e acreditem andar sobre duas rodas faz-nos sentir livres...
Para quem como eu ainda está a aprender, deixo-vos algumas dicas de empresas que poderão ajudar no processo.
Escolinha da Bicicleta, veja uma reportagem da RTP aqui.
Ahahah não te sintas "sozinha" :p
ResponderEliminarTenho a tua idade e sei tanto como tu, ou melhor, agora sei menos, de como andar de bicicleta :)
Fico feliz por ver aqui um desafio superado....e quem, não sabe não me aventure eu, um dia destes também nesta aprendizagem :)
Boa sorte com os novos desafios :)
Pois eu já sou mais velha, tenho quase 41 e não sei andar de bicicleta... :-(
ResponderEliminarParabéns por teres "aprender a andar de bicicleta crescido", é um óptimo desporto e o meu preferido. Como diria Chaplin "Failure is unimportant. It takes courage to make a fool of yourself". Tudo de bom.
ResponderEliminar