quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

#17 Cantar o Fado com Liana no SingFado


Há uns tempos atrás tive oportunidade de ir conhecer a fadista Liana e o seu maravilhoso projecto SingFado, apoiado pelo Museu do Fado. 

Liana é fadista desde pequenina e começou o seu trajecto da forma mais tradicional possível: a cantar em bares e eventos, a fazer tourneés e a ter participações em peças de teatro, e inclusive no circo. 

Rapidamente conquistou uma carreira internacional pomposa, quando lhe pediram para realizar um workshop sobre Fado na Finlândia. Primeiro assustada, aceitou o desafiou a medo. No desenrolar da ação apaixonou-se por ter a oportunidade de partilhar a sua paixão por Portugal, pelo Fado e pelas suas raízes com outros interessados, no mundo inteiro. 



Passados alguns anos, o projecto ganha outros contornos, identidade própria e viaja até ao país natal da sua mentora. 

O SingFado estreou-se no Museu do Fado dia 8 de Janeiro, e é um workshop dedicado a todos aqueles que querem aprender mais sobre arte, esta maneira de sentir a vida. 

Foi muito curioso, porque muitas das questões colocadas pela Liana durante o workshop, surpreenderam-me pelas suas respostas. Não fazia ideia que a teoria mais aceite sobre as origens do Fado, defende que esta canção tão nossa vem de uma dança bem atrevida do Brasil, ou que existem tão poucas diferenças a nível estrutural entre um Fado Musicado e um Fado Tradicional.


O que se sente com o Fado
Há só uma maneira de cantar o fado?
Onde ouvir fado?
Onde aprender fado..?

Estas e outras questões são levantadas durante este workshop de uma hora, que culmina com um mini-concerto muito intimista, da nossa querida Liana, directamente para os seus formandos.Tive ainda oportunidade de cantar pela primeira vez FADO! :) 

Desafiem-se e vão conhecer mais sobre esta expressão artística tão nossa, mas ainda com tanto por desvendar, afinal ainda não faz parte do plano educativo escolar, aprender o que é o Fado, e também não é temática que seja por aí abordada ao desbarato. Liana vem contrastar esta realidade, criando mais amantes de Fado!

SingFado acontece às 4as feiras, no Museu do Fado, pelas 11:00. 

Fotografias de Debora Ribeiro.


domingo, 1 de fevereiro de 2015

#11Cataratas do Iguaçu: um marco dos 29



Começo por partilhar que este post por ter sido escrito no outro lado do planeta, em pleno telemóvel, poderá até ao meu regresso ter alguns erros ou "comeduras" de letras que depois passo a editar..



Foi em pleno Setembro que aliciada pelo meu amigo/mano/irmão Chico marquei a viagem para vir ter com ele à Argentina. 



Decidi que este ano o meu aniversário nao poderia passar despercebido na minha cronologia e havia que festejar em grande. Celebrei a data em nada mais, nada menos do que em dois jantares muito especiais, um na Casa Raphael Baldaya, ali mesmo ao lado do Incógnito e outro como nao poderia deixar de ser no meu espaço  cultural de eleição em Lisboa: a Fábrica do Braço de Prata. Foram dois momentos simplesmente inesquecíveis, rodeada das pessoas que mais amo, que me proporcionaram uma "insuflagem cardíaca de amor" tal, que seria jamais impossível esta data ter passado despercebida...e que melhor "appetizer" para uma grande viagem do que estar reunida dos meus melhores amigos? 





Devo acrescentar que no dia 22, quando acordei nem queria acreditar que tinha uma viagem de mais de 24 horas pela frente, porque a festa cigana tinha deixado as suas mazelas: falta de descanso, abuso na comida e bebida e uma certa ressaca emocional..



Bem, não obstante, dia 23 de novembro cheguei eu sã e salva à Argentina. Primeiro rumei a Mar Del Plata onde fui mega bem recebida pelos irmãos Barcelo, amigos de longa data do Chico.



É uma cidade na costa este da Argentina, característica pelas suas largas ruas, a arquitetura com várias influências estrangeiras e trata-se de um típico destino turístico de praia, para os argentinos, dentro da Argentina. Eu estava ansiosa era por subir ao norte: até às Cataratas do Iguaçu.  



Ao todo foram mais umas 30 horas de viagem de autocarro de um lado ao outro...mas depois de um dia e pouco, de rabo sentado chegamos finalmente à pontinha nordeste mais extrema da Argentina, que faz fronteira com o Brasil e Paraguai. 

O calor que fazia quando sai finalmente do autocarro era o calor que vinha à espera: abafado, húmido, com a força digna de um clima tropical..

Estou aqui há 4 dias e não tenho parado. Cada dia parece uma experiência de uma semana inteira, e a minha viagem na Argentina apesar de ser "apenas" de duas semanas, acumula vivências que fazem o tempo parecer meses..

No primeiro dia fomos à selva do lado argentino. 



Penetramos literalmente nas entranhas do Parque natural de Iguaçu e tivemos oportunidade de ver dezenas de espécies de flora e vegetação. 









O som da correnteza das cataratas serve de banda sonora de fundo para toda a nossa exploração no parque, e os animais como os quatis ou borboletas multicolores vão sendo uma companhia constante. 






As borboletas para mim, têm sido o símbolo da Argentina: a cada esquina encontro uma ou elas me encontram a mim. 



Em jeito de miniaturas da Fénix, representam para mim neste momento o "renascer", a transformação, a mutação para algo tão belo, forte e frágil ao mesmo tempo. 



Ainda no lado argentino, mergulhámos no meio da selva selvagem em busca do Macuco, uma mini cascata do Iguaçu onde nos podemos banhar. 





Eu por via da dúvidas, agrafei-me a um "galho como o de Moisés" não fosse uma onça aparecer (como se isso realmente adiantasse alguma coisa). Não apareceu nenhum felino, mas sim alguns quatis, uns lagartos gigantes e umas adoráveis capivaras bebês assustadiças.

Ontem foi dia de ir visitar o lado brasileiro das cataratas. 



Para mim a experiência foi completamente diferente...se no lado argentino tive oportunidade de me entranhar dentro da selva, no Brasil tive a verdadeira noção, se é que é possível conseguir apeende-la, da imensidão das cataratas.





Quando me aproximei de um varandim sobre uma das correntezas, em que toda a gente se protegia com capas impermeáveis para não se molhar, eu abri os braços para levar com toda aquela chuva de força divina...e quando olhei para baixo uma sensação de comoção assolou todo o meu ser. 





Sentir de tão perto a pujança com que a água leva tudo, levou-me a pedir-lhe secretamente para levar com ela também todos os meus mal-estares, medos e preocupações. Foi dos momentos mais libertadores que tive ultimamente...



Hoje é o meu ultimo dia em Iguaçu e vou aproveitar para dar uma volta por aqui. Incrível como em pouco tempo fazemos conhecidos, criamos rotinas e nos adaptamos tão facilmente a um novo ambiente. 




Amanhã parto para Buenos Aires e sei que vou ter mais aventuras para partilhar. Este aniversário tem sido sem dúvida o mais transformador de há uns anos para cá. 29 venham eles, estou pronta para o que me têm a oferecer...








#16 Sentir como sou pequenina em 7 Mil Milhões de Outros




"O que gostaria de mudar na sua vida?"

"Qual foi a última coisa que o fez dar uma gargalhada?"

"Renunciou a quê?"

"Qual é o seu sonho?"


Hoje foi dia de me questionar sobre isto e muito mais.

Hoje foi dia de ir celebrar o aniversário da nossa amiga Joana. Depois de debater que programa escolher para um domingo à tarde, surgiu na mesa irmos ver a exposição "7 Mil Milhões de Outros", no Museu da Electricidade. 

Logo na entrada para esta vídeo-exposição, salta-nos à vista do lado direito a estrutura onde está estampada a frase: "O SENTIDO DA VIDA". 

Ora, só para vos enquadrar um bocadinho: 

"Depois de andar 10 anos a sobrevoar o planeta para produzir A Terra vista do céu, Yann Arthus-Bertrand lançou este projecto em 2003, conjuntamente com Sibylle d'Orgeval e Baptiste Rouget - Luchaire. Esta foi uma viagem ao coração da humanidade, que proporciona uma oportunidade única para reflectirmos em conjunto sobre a diversidade humana e cultural.

Foram filmadas 6.000 entrevistas em 84 países, por cerca de 20 realizadores que partiram ao encontro dos Outros. De um pescador brasileiro a um sapateiro chinês, de um artista alemão a um agricultor afegão, todos responderam às mesmas perguntas sobre os seus medos, sonhos, problemas, esperanças: O que é que aprendeu com os seus pais? O que deseja transmitir aos seus filhos? Por que circunstâncias difíceis já passou? O que é que o amor representa para si?

Mais de quarenta perguntas essenciais que nos ajudam a descobrir o que nos separa e o que nos une. Esses retratos da humanidade de hoje estão disponíveis neste site. O coração do projeto, que é mostrar tudo o que nos une, liga e diferencia, é encontrado nos filmes que incluem os temas abordados durante milhares de horas de entrevistas.

Esses testemunhos já foram apresentados em exposições exibidas em vários países, como França, Bélgica, Brasil, Espanha, Itália e Rússia, e noutros suportes como livros, DVD ou televisão."


Depois de ver alguns daqueles testemunhos rapidamente me apercebi da grandeza deste trabalho: fazer viajar até nós através do vídeo: realidades, culturas, vivências, outros, outras PESSOAS. Pessoas que de outra forma nunca poderíamos conhecer, com quem nunca nos iríamos cruzar, ou aprender. 

Para mim 7 Mil Milhões de Outros é uma chamada de atenção, é um abolir dos muros da nossa ignorância, é um apelo à relativização, é um reposicionamento para o nosso lugar devido. 

Estamos tão embrenhados na nossa realidade do dia-à-dia, questionamo-nos muitas vezes do porquê que certas coisas nos acontecem, damos por garantido o que temos, o que somos, o que vivemos. Em 7 Mil Milhões de Outros, nestes 6000 testemunhos de anónimos, encontramos uma porta para nos encontrarmos, nos outros. 



Há ainda uma surpresa para os mais atrevidos. Poderão sentir uma amostra do que sentiram todas as pessoas e deixar um registo do vosso próprio testemunho. Claro está que não resisti e enfiei-me estúdio adentro para deixar o meu. A sensação de ser entrevistada, para quem entrevista todos os dias, é no mínimo estranha. 



Cinco perguntas depois saí lá de dentro com um sorriso de orelha a orelha. Afinal estas questões valem a pena, e chocalham cá dentro emoções que precisam de ser arrumadas.




E vocês, estão curiosos com as perguntas? Vão surpreender-se ainda mais com as respostas. Esta é a verdadeira exposição para nos pormos no "lugar do outro".

Apressem-se porque já só está por terras lusas até dia 7 de Fevereiro.

Museu da Electricidade
Morada: Av. Brasília, Central Tejo 1300-598 Lisboa
Horário: terça a domingo das 10:00 às 18:00
Website: http://www.7billionothers.org/pt/

Bilhetes: a partir de 2€